Artes do Românico e Touring Cultural dominam segundo dia de trabalhos
A Secretária de Estado do Turismo, Cecília Meireles, encerra amanhã, pelas 17.15 horas, as sessões do I Congresso Internacional da Rota do Românico. Hoje, dia 29, foram retomados os trabalhos no Auditório Municipal de Lousada, tendo as comunicações desta manhã sido inteiramente dedicadas às artes do românico, mostrando que, apesar de o românico ter granjeado maior expressão e significação histórica na arquitetura, as suas influências artísticas estenderam-se igualmente a outras formas de arte como a escultura e a pintura.
Marta Cendón, Professora de História de Arte da Universidade de Santiago de Compostela, apresentou uma comunicação sobre o Pórtico da Glória da Catedral de Santiago de Compostela, um pórtico do românico realizado pelo Mestre Mateus.
Partindo de um conjunto de imagens e documentos, percorremos a história das intervenções efetuadas, ao longo dos séculos, no Pórtico da Glória, desde 1168, data em que começou a ser edificado, chegando às transformações percetíveis a partir das duas últimas intervenções, que se desenvolveram em 1988, e da que se tem vindo a realizar nos últimos anos e que ainda está em andamento.
Lúcia Rosas, docente da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, repetiu a sua presença no Congresso, desta feita como uma comunicação que pretendeu recriar o interior de uma igreja românica no período em que este estilo floresceu no nosso país.
Apesar das alterações que templos românicos sofreram ao longo dos tempos e de o espólio de esculturas, retábulos e objetos de ourivesaria ou outros metais, datados da época românica e que chegaram aos nossos dias, ser muito escasso em Portugal, oradora e congressistas procuraram entrever o seu aspeto através de documentação, livros litúrgicos, alfaias e vasos sagrados.
Nicolas Reveyron, Professor de História de Arte e Arqueologia da Idade Média na Universidade Lumière - Lyon 2, em França, centrou-se no modo como os materiais, designadamente a pedra, dão forma à arte, realçando a estreita relação entre as pedras, o país, os homens e a construção, evidenciada nos diversos estilos de arquitetura.
Seguiram-se duas intervenções, dirigidas por José Inácio Caetano, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, e por Paula Bessa, da Universidade do Minho, respetivamente, sobre uma temática muito cara à Rota do Românico: a pintura mural.
Embora os vestígios de pintura a fresco de expressão românica não tenham resistido até aos nossos dias, não significa que os espaços religiosos não tenham sido alvo de outro tipo de decoração, como mostrou Joaquim Inácio Caetano, apresentando tipos de programas decorativos anteriores à realização de programas de pintura mural nas paredes interiores das igrejas.
Paula Bessa abordou a pintura mural existente em edifícios integrados na Rota do Românico, procurando salientar a valia do conjunto. Destaque para os programas de pintura mural das Igrejas de Santo André de Telões, em Amarante, de São Tiago de Valadares, em Baião, de São Mamede de Vila Verde, em Felgueiras, do Salvador de Tabuado, de São Nicolau, de Santo André de Vila Boa de Quires e de Santo Isidoro, no Marco de Canaveses, de São Pedro de Abragão, em Penafiel, dos Mosteiros do Salvador de Freixo de Baixo, em Amarante, de Santa Maria de Pombeiro, em Felgueiras, de Santa Maria de Cárquere, em Resende, e da Ermida da Nossa Senhora do Vale, em Paredes.
Sofia Catalão, da Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho, desenvolveu uma comunicação em torno da prática da arqueologia na Rota do Românico, sublinhando o seu contributo na produção de conhecimentos essenciais para um boa condução de projetos de conservação e salvaguarda, mas também para a criação de conteúdos de qualidade para divulgação junto de diversos públicos.
As comunicações desta tarde terão como foco o touring cultural, que tem registado uma franca expansão e é hoje considerado um dos produtos turísticos estratégicos nacionais. Serão apresentados dois casos de sucesso neste âmbito: o Projeto Rota do Fresco, representado por Catarina Valença Gonçalves, da Spira - revitalização patrimonial, entidade responsável pela gestão do projeto, e as Rotas do Legado da Espanha Mourisca, com Manuel Peregrina, da Fundação El Legado Andalusí, de Espanha.
Greg Richards, da Universidade de Tilburg, na Holanda, e especialista em turismo cultural, apresentará as últimas tendências deste setor na Europa, detendo-se, em especial, no papel desempenhado pelas rotas culturais. Juliane Koch, da TRANSROMANICA – The Romanesque Routes of European Heritage, a maior rede europeia de itinerários românicos na Europa, da qual a Rota do Românico é membro desde 2009, aprofundará a discussão, explicando o sucesso desta rota cultural europeia, distinguida pelo Conselho da Europa como Grande Itinerário Cultural.
Os trabalhos prosseguem amanhã, dia 30, último dia de comunicações, pelas 9.30 horas, sendo dedicados ao Património Intangível e Artes Tradicionais e à interligação entre Património, Turismo e Economia.
Cláudia Costa
Planeamento e Comunicação