Sunday, October 02, 2011

I Congresso Internacional da Rota do Românico “gerou um entusiasmo inusitado”

I Congresso Internacional da Rota do Românico “gerou um entusiasmo inusitado”

Terminaram esta tarde, dia 30, as sessões de trabalho do I Congresso Internacional da Rota do Românico, que, durante três dias, trouxe ao Auditório Municipal de Lousada o debate em torno do património e do seu papel no desenvolvimento dos territórios.

A sessão de encerramento foi assegurada pelo Presidente da  Lousada 2011 1º congresso internacional rota românicoImagem Napoleão Monteiro Lousada 2011 1º congresso internacional rota românicoImagem Napoleão Monteiro

VALSOUSA – Associação de Municípios do Vale do Sousa, Alberto Santos, e pelo Presidente da AMBT – Associação de Municípios do Baixo Tâmega, Armindo Abreu. A Secretária de Estado do Turismo, Cecília Meireles, não pôde estar presente por razões de saúde.

Para Armindo Abreu o Congresso, associado à Rota do Românico, contribuiu para fortalecer a coesão regional e institucional e para aumentar a autoestima da comunidade. “Somos pequenos demais para continuar isolados”, afirmou. Na sua opinião, “as pessoas gostam de conhecer o seu território, o seu património, a sua história” e isso “foi conseguido com o Congresso”.

Alberto Santos realçou a importância do evento para a “partilha de conhecimentos, de experiências e de emoções” e que, chegados ao final desta etapa, torna-se necessário pensar “como transformar a nossa identidade, a nossa experiência, o nosso património num motor de desenvolvimento regional”.

Sendo a Rota do Românico um projeto de quase 14 anos, assente no trabalho de diferentes entidades, o Presidente da VALSOUSA manifestou o desejo de que esta “esteja imune a circunstâncias eleitorais e transitórias”, sendo agora importante definir um modelo de gestão que garanta a sua sustentabilidade e consolidação. Alberto Santos acrescentou, ainda, que o Congresso “gerou um entusiasmo inusitado, pelo que se torna premente a organização do próximo”, já agendada para 2013.

O trabalho desenvolvido pela Rota do Românico já tinha sido elogiado pelo Secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, aquando da sessão de abertura do Congresso, tendo-a considerado “uma iniciativa de grande visão” e “uma das linhas essenciais do mapa comum da relação entre a cultura e o turismo em Portugal”. O governante sublinhou, ainda, que este projeto “é uma oportunidade para a nova economia”, já que “pode unir de uma forma absolutamente esmagadora cultura e turismo”.

O primeiro dia do Congresso ficou também marcado pela apresentação dos novos monumentos da Rota do Românico, integrados na sequência do alargamento desta, em março de 2010, aos municípios de Amarante, Baião, Celorico de Basto, Cinfães, Marco de Canaveses e Resende. O itinerário de visita, composto por 21 monumentos, será agora estendido a mais 34 elementos patrimoniais, localizados no Baixo Tâmega e no Douro Sul, bem como a mais dois, no Vale do Sousa. 

Hoje, dia 30, os trabalhos foram retomados com um painel dedicado ao Património Intangível e às Artes Tradicionais. Teresa Soeiro, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, deu-nos a “conhecer” o denso património cultural imaterial e vernacular do Tâmega e Sousa, presente nas tradições e expressões orais, nos usos e costumes, nas artes e ofícios tradicionais, nos eventos festivos e na literatura popular.

Patrice Morot-Sir, Diretor da Escola de Avignon, abordou a necessidade de preservar os recursos arquitetónicos dos antigos centros urbanos e das aldeias, entendidos não só enquanto património, mas como vestígio de uma memória histórica. Para isso, torna-se fundamental sensibilizar as comunidades, mas, sobretudo, dotar os artífices que intervêm no património urbanos de algumas competências, uma área em que a Escola de Avignon tem sido pioneira.

Os dois últimos painéis do Congresso focaram-se na relação entre o trinómio Património, Turismo e Economia. Carlos Costa, do Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial da Universidade de Aveiro, enfatizou a inovação social como fator de criação de novas formas de desenvolvimento económico no setor do turismo. 

Teresa Ferreira, do Turismo de Portugal, apresentou as últimas tendências e desafios do turismo no século XXI, destacando o turismo cultural como um dos produtos estratégicos que mais deverá crescer e que graças a ele, o património tornou-se um bem que, para além de constituir-se como valor cultural, representa um recurso económico que pode gerar retorno e oportunidade de emprego.

Michel Thomas-Penette, diretor do Instituto Europeu de Itinerários Culturais, com sede no Luxemburgo, e Annabel Kate Lawson, proprietária da Andante Travels, uma agência de viagens de destinos arqueológicos, reconhecida como uma das mais conceituadas empresas britânicas naquela área, falaram-nos das suas experiências na área do turismo cultural.

O primeiro realçou o papel das rotas europeias na promoção de ligações artísticas, comerciais e políticas, mas, principalmente, enquanto ferramentas de desenvolvimento do turismo cultural, com os seus impactos positivos nas economias locais. Destacou, ainda, a necessidade de trabalhar as rotas culturais no contexto europeu, referindo o exemplo da integração da Rota do Românico na TRANSROMANICA, a maior rede europeia de itinerários românicos.

Annabel Kate Lawson abordou as expectativas do turista cultural contemporâneo, servindo-se da sua larga experiência sobre os modos como a arqueologia e os sítios arqueológicos são apresentados ao público.

Cristina de Azevedo abordou a questão do aproveitamento dos sítios, herança cultural e histórica e reveladores de identidades, como modelo para alavancar o desenvolvimento económico, social e territorial sustentável, tomando como exemplo a Rota do Românico.

Enrique Hernández Pavón, da Universidade de Sevilha, em Espanha, encerrou as comunicações com uma intervenção sobre o turismo cultural enquanto motor do desenvolvimento local e da economia do intangível, assente na valorização do capital cultural, social e ambiental de um território, apresentando a Rota do Românico como uma oportunidade para a valorização da cadeia de valor da economia regional, contribuindo para a afirmação da identidade e da autoestima da comunidade nela envolvida.

O segundo dia do Congresso, ontem, dia 29, ficou marcado pela intervenção de Greg Richards, da Universidade de Tilburg, na Holanda, conhecido como “guru” do turismo cultural e coautor do conceito de turismo criativo.

Na sua intervenção o especialista expôs as últimas tendências do turismo cultural na Europa, nomeadamente a forma como o turismo cultural está dividido num mercado de massas e numa variedade de nichos especializados, incluindo o turismo gastronómico, arquitetónico, educativo e criativo. Sublinhou, igualmente, a aposta na “economia da experiência”, associada ao turismo cultural, que deve merecer especial atenção na criação de produtos de turismo cultural, para corresponder às atuais exigências do turista: não apenas ver, mas fazer e experienciar.

Após encerramento dos painéis, o Congresso prossegue agora com um programa social que inclui, esta noite, um jantar no Mosteiro do Salvador de Travanca, em Amarante, seguindo de concerto de Pedro Caldeira Cabral, uma visita à Rota do Românico, amanhã, dia 1 de outubro, e uma visita a Guimarães, no dia seguinte.

Cláudia Costa

Planeamento e Comunicação

claudia.costa@valsousa.pt

www.rotadoromanico.com