Tuesday, April 28, 2009
Penafiel no 25 Abril de 2009
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Um Discurso
Falar-se do 25 de Abril de 74 é, sobretudo, falar-se em verdade.
E falar-se em verdade implica transparência e confiança inequívocas.
Estamos certos de que a “Verdade” foi um dos princípios que elevaram a coragem de alguns na época.
Mais de 3 décadas depois, vive-se num cenário de certezas incertas, de suspeição constante e numa insegurança tamanha. Duvida-se de quase tudo e de todos:
- De uma justiça injusta;
- De uma assistência na saúde doente;
- De promessas incumpridas;
- De um emprego desempregado;
- De uma tranquilidade intranquila.
As gentes da nossa terra, gentes de brandos costumes, agitam-se cada vez mais, agastadas, descrentes, inseguras e sem perceberem onde pára o homem do leme, porque esta caravela portuguesa parece navegar à deriva.
E fala-se de crise.
A crise é global. É verdade.
Uma crise com contornos como estes, acontece de 100 em 100 anos, afirmou o Sr. Primeiro Ministro. Também é verdade.
Pergunta-se: desde quando nunca se falou em crise em Portugal?!
Mais ou menos sentida, a verdade é que o vocábulo “crise” fez sempre parte do dicionário de quem tem responsabilidades acrescidas.
Em situação de crise não pode haver lugar para disparates megalómanos.
Não pode haver lugar para erros de cálculo, para a dissimulação dos mais básicos valores éticos ou para o distanciamento de quem parece impor o “quero, posso e mando”.
Há locais onde já se fala em surdina. Noutros a caricatura verbal deixou de ser permitida. Noutros ainda, impõe-se a uniformidade da farda, transportando-nos para o limiar de uma mocidade portuguesa engalanada.
E teme-se o pior.
Teme-se uma crise superior àquela em que vivemos.
Teme-se a crise de espírito.
Se porventura se atingir a miséria espiritual, a pobreza de ideias, ideais ou ideologias, dificilmente a crise económica será ultrapassada.
A 17 de Junho de 1871, escrevia-se:
“O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada, os carácteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. (…) O desprezo pelas ideias aumenta em cada dia. (…)
A ruína económica cresce, cresce, cresce. As falências sucedem-se. O pequeno comércio definha. A indústria enfraquece. A sorte dos operários é lamentável. O salário diminui. (…)
A intriga política alastra-se. (…)”.
Cita-se Eça de Queiroz e Ramalho Ortigão e, inevitavelmente, faz-se a comparação com os dias de hoje, surgindo a dúvida: “Terá sido em 1871?!”
Mas falar-se no 25 de Abril de 74, é falar-se também no poder local, seguramente uma das maiores conquistas da democracia. Não que o poder local não existisse, era, contudo, puramente fictício desempenhado por marionetas desprovidas de consciência própria.
E neste considerando, sem esquecer a inevitável dependência económica do poder central, tem que haver arte e engenho para se consolidar uma autonomia forte e cada vez mais abrangente.
É necessário diminuir o estado dependência. Esta dependência constante e quase “modus operandi” natural, leva à inércia, conduz à falta de acção e reacção, acabando por desembarcar num amorfismo intelectual, numa aridez ideológica para se poder trabalhar o futuro com convicção.
É imperioso que se encoraje novos investimentos económicos locais, sem descurar a motivação dos que já existem numa batalha diária ao desemprego.
Impõe-se ainda a seriedade e a transparência e uma gestão cuidadosa e eficaz.
Não se pode exigir sem se dar o exemplo.
Cada munícipe tem consciência dos seus deveres, mas também dos seus direitos.
Tem consciência de que há uma enorme diferença entre o dizer fazer-se e o saber fazer-se. Entre a demagogia e a concretização objectiva de projectos, entre a promessa utópica e a obra feita.
Exmos. Senhores, porque também eu navego na mesma caravela portuguesa, espero sinceramente que no dia 25 de Abril de 2010 se enfeite o país com um discurso totalmente oposto a este, que haja alguém que possa afirmar:
- Que a saúde é de todos e para todos;
- Que a economia está estável e em crescendo;
- Que o desemprego atingiu a maior descida de sempre;
- Que a transparência é o maior e principal lema de vida da sociedade portuguesa;
- Que a justiça responde em tempo útil numa neutralidade desenganadora;
- Que a educação atingiu um patamar sublime, dotando cada cidadão da clareza do conceito mais básico e fundamental, pilar sustentável de um país: a noção completa de cidadania.
Haja esperança!
Continua