Wednesday, September 26, 2007
Lixa Felgueiras no Barracão da Cultura
O que pretendemos promover no Barracão de Cultura, depois de construído
1. Depois de construído, faremos acontecer no seu interior polivalente, em horas e dias diferentes, Oficinas de iniciação à Pintura, à Escultura, à Música, à Poesia, ao Romance, ao Jornalismo, à Rádio, à Dança, ao Cinema, ao Teatro, ao Canto individual e coral. Muitos dos nossos artistas vivos, cantores, poetas, escritores, jornalistas, actores, dançarinos, escultores, pintores, músicos, encontrarão no Barracão de Cultura uma oportunidade para, uma vez por outra, virem cá PARTILHAR os seus saberes com pequenos núcleos de crianças/adolescentes/jovens/adultos/idosos de Macieira da Lixa e das freguesias das redondezas, numa relação de proximidade que, para ser digna para ambas as partes, terá de ser maiêutica e não bancária, isto é, terá que ajudar a despertar nas pessoas ainda não iniciadas os talentos e as capacidades que existem em todas e cada uma delas como em semente. O importante e decisivo nesta acção será sempre aquele “despertar/acordar” que é, ao mesmo tempo, um tornar-se consciente dos próprios talentos e das próprias capacidades. Porque, depois, será cada uma, cada um, em diálogo com os seus familiares e amigos, a decidir avançar para as respectivas Escolas e instituições especializadas, onde se formarão e se realizarão como outras tantas pessoas cultas e desenvolvidas.
2. A par destas Oficinas, geradoras de distintos grupos que actuarão no palco do Barracão de Cultura, promoveremos também no seu interior frequentes jantares-debate sobre temas da actualidade, no estilo do programa televisivo “Prós e Contras”, que nos alimentem no corpo e na dignidade, nos deixem mais abertos ao mundo e também com mais voz e vez.
3. De nenhum modo descuraremos a regular leitura em grupo de poemas e de livros que farão parte da Biblioteca Barracão de Cultura. Temos a certeza de que essa leitura em grupo constituirá um bom ponto de partida para saborosas e libertadoras conversas, inclusive, entre pessoas analfabetas.
4. Pretendemos também que, num futuro próximo, o Barracão de Cultura de Macieira da Lixa venha a ser incluído no roteiro das Companhias de teatro e dos artistas de outras áreas que façam da itinerância o seu modo de estar na vida-das-populações-e-com-elas. Queremos que venham até nós e aceitem permanecer uns dias connosco e com as populações, numa relação afectiva e de partilha de saberes, como quem desperta criadores e não apenas como quem vende espectáculos em série.
5. Mas o Sinal que queremos que o Barracão de Cultura sempre seja estende-se também às pessoas de mais idade da freguesia, nomeadamente, as mais carenciadas de bens e de afectos. Reservamos-lhes um pequeno espaço para as acolher ou só de dia, ou de dia e de noite. Não no estilo de muitos lares massificados que por aí já se conhecem e onde quem lá entra (quase) perde a sua identidade e todos os laços afectivos e de vizinhança, até que a morte aconteça. Nada disso. No Barracão de Cultura, viverão pessoas idosas da freguesia ou das freguesias vizinhas. Não como assistidas, mas como sujeitos, chamadas a fazer render as suas capacidades e os seus saberes. Por regra, não haverá funcionárias assalariadas, quase sempre sem entranhas de humanidade. Haverá pessoas voluntárias das redondezas do Barracão de Cultura que partilharão com as pessoas idosas que nele viverem do seu tempo e dos seus serviços, sempre ao jeito da parteira na sua relação com a mulher que está para dar à luz, nunca ao jeito da funcionária assalariada que faz sozinha o que há para fazer, em lugar de fazer fazer e de estimular as pessoas idosas a fazerem o que podem e sabem, e até para lá do que podem e sabem.
6. Deste modo, o Barracão de Cultura será um espaço onde quem lá entrar/passar e integrar alguma das suas Oficinas ou beneficiar de algum dos espectáculos e concertos que venham a acontecer no seu interior, sempre há-de sair de lá progressivamente mais consciente, mais culto, mais lúcido, mais criador, mais humano, mais solidário, mais livre, mais autónomo, mais responsável, mais interveniente na sociedade, mais protagonista, mais politizado, mais amante do belo e da vida, numa palavra, mais artista e mais cidadã/cidadão do mundo.
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