Wednesday, January 30, 2008
Tuesday, January 29, 2008
Penafiel o Final dos abraços
PNF Com Fórum Social Mundial
Caminhada no Fórum Social Mundial de Penafiel
Uma Caminhada com cabeça tronco e membros. Foi assim que a juventude viu no esforço que fez pelos montes do Vale do Mesio. O Fórum Social Mundial de Penafiel podia ter muito mais gente de todas a s classes sociais, mas como se sabe e pelos ditos, a que ninguém escapa (é chumga, andar metido no meio deles, ganham bem e não querem saber, se fosse altura de eleições estavam todos, o que eles querem é tacho, só tem letra, não dá nada e só sujam os sapatos, tem mais que fazer, ficaram a lavar o cão, vai ver que daqui a algum tempo não vão faltar almoços, e tantos outros ditos. Refiro-me a todos as forças políticas seus dirigentes, que só aparecem se Cristo lhes desse mais algum, ou se coisa boa, tivesse surgido nesta terra, de resto é, tal como o povo diz, somos uns camelos andar a traz deles.
Por uma acção do foro Social como foi nesta TERRAS DE PENAFIEL é vergonhoso não haver mais pessoas que tivessem a coragem de aprender com a sua presença. Muitos gostavam de estar mas para ditar leis. Este espaço é de todos para todos, era e é para que cada um homem, mulher, criança sem cargos, possa fazer melhor no mundo, ajudando a que o mundo seja melhorado ou mudado.
Penafiel Fórum Social Mundial teve no debate sobre Globalização e Pobreza, teve individualidades que expuseram e focaram os seus conceitos, nisto cada cabeça, sua sentença e todos são bom quando se tenta fazer bem.
Penafiel viu-se só, sem doutores políticos, com pouca gente da terra, o que é no fundo desmotivante. Agradecimento aos Bons Homens e Mulheres que estiveram presentes, um Grande e Forte Abraço para os jovens, que muito bem representaram a nossa Bela Cidade de Penafiel e esperamos, porque é com vocês que se vai Mudar o Mundo. Outro Mundo é Possível
Pnf Fórum Social Mundial FSM Penafiel não há palavras
Não há palavras para poder enxovalhar os assassinos destes atentados Ambiental. As crianças viram bem, (mas para as autoridades é mais importante multar os utentes na estrada que se esqueceram de levarem o carro há inspecção e aplicando coimas de 250€.) Todo o mundo sabe e nem aos governantes eu perdoo, (porque não fui criminoso).
Há olhos para umas coisas não há para outras muitíssimo mais importantes. Os portugueses são pobres e assim com atentados destes, mais pobres ficam.
Uma vergonha mundial só em Portugal.
Dia 26/01/2008 e do Fórum Social Mundial em Penafiel.
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PNF Fórum Social Mundial com uma Caminhada
Foi uma excelente tarefa pela manhã. As actividades do Fórum Social Mundial trouxe à caminhada desportiva principalmente a juventude, e pelo que deram a entender que gostaram do trajecto, vendo bem o local onde vai ficar o parque temático com as estruturas velhas vindas de outro lado para serem revisadas e colocadas. A juventude gostou do passeio, não gostou de ver tanto lixo espalhado pelo Vale do Cavalum.
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PNF Santiago um Jogo para o dia Mundial
Penafiel Com o Fórum em Hóquei Patins Santiago
Penafiel em Santiago no dia 26 de Janeiro 2008.
O Fórum Social Mundial Continuou em grande com as actividades previstas, onde as crianças foram as peças fundamentaisem em todos eventos e nas diversas modalidades.
Continua
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Sunday, January 27, 2008
Penafiel o Mundo com FSM
Novelenses com a Exposição de colecionistas e trocas 26/01/2008
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Penafiel com Fórum Social Mundial
"ARN" Associaão Recreativa Novelense também esteve integrada no Fórum Social Mundial com o colecionismo exposição em Novelas 26/01/2008
Continua.
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Thursday, January 24, 2008
Penafiel e o Fórum Social Mundial com Padre Mário a pôr pontos nos iis
FÓRUM SOCIAL MUNDIAL de PENAFIEL
Padre Mário de Oliveira de Macieira da Lixa pôs os pontos nos iis
2008JANEIRO 21
Foram contundentes, mas dificilmente irrefutáveis, as minhas palavras no debate sobre a Pobreza, no passado sábado, na cidade de Penafiel. O Café Sociedade foi pequeno para conter todas as pessoas. Mas ninguém arredou pé, apesar da contundência das minhas palavras. Fui o único, entre os vários elementos convidados para a mesa do debate que agarrei o problema pelos cornos e pus os pontos nos iis. Nestas coisas, não suporto o politicamente correcto. Nem o moralismo. Acho que tem de ser pão, pão, queijo, queijo. Falar claro é preciso. E mesmo isso é pouco, comparado com o facto massivo da Pobreza que hoje propositadamente produzimos e mantemos no mundo. O facto da Pobreza em massa tem de ser visto em toda a sua amplitude e não apenas caso a caso, família a família. O crime da pobreza é um crime estrutural. E, ou lhe pomos fim, mediante decisões económicas e políticas drásticas, estruturais, ou somos monstros dos piores. Ainda pensei que alguns dos presentes me iriam cair em cima, no final da minha intervenção. Ou saíssem do Café. Mas não. Ninguém arredou pé. E foi impressionante o silêncio, durante a minha comunicação. As reacções orais, no final, foram, senão de rasgado aplauso - tomei isso como um bom sinal - de concordância e de manifesta incomodidade interior. A consciência das pessoas presentes ficou abalada e pesada. Interpelada. Alguém, na hora, usou a expressão "Senti-me julgado pelas suas palavras". Disse-o não no sentido de quem se sentiu acusado, mas de interpelado. Só pude alegrar-me com esse testemunho que espelhava bem o da generalidade das pessoas presentes. Porque a Palavra, quando sai atravessada e carregada de Espírito, o do Deus de Jesus que é também o Deus dos pobres, é um dos efeitos que produz em quem a ouve / acolhe. Sou sempre o primeiro ouvinte da Palavra que sai da minha boca. Por isso, sou sempre o primeiro a ser julgado / iluminado / tocado / interpelado / transformado por ela. A Palavra, quando anda carregada e atravessada pelo Espírito de Deus, o de Jesus e dos pobres, não condena ninguém. Liberta-nos, torna-nos mais humanos, menos monstros, mais próximos uns dos outros e sobretudo dos pobres, mais abertos, mais livres e por isso mais responsáveis uns pelos outros e pela História. Num primeiro momento, a sensação é que a Palavra nos condena. É por isso uma sensação de desconforto. Mas logo percebemos que esse desconforto é como o do bebé recém-nascido. De repente, vê-se fora do útero materno, onde sempre havia vivido até então. E de um momento para o outro, passa a ser um novo ser fisicamente separado, autónomo, da mãe, independente, carregado de futuro que ele próprio há-de abrir e percorrer, num processo sem fim. O desconforto é total. Mas, ou assim, ou nunca chegaremos a ser nós próprias, nós próprios. Ora, a Palavra com Espírito, o do Deus de Jesus e dos pobres, quando é escutada / acolhida / praticada produz em nós um Novo Nascimento, um Novo Começo. É como um Novo Parto. Não segundo a Carne e o Sangue, ou segundo a Ideologia do Sistema-Ventre que é a Ordem Mundial onde estamos fisicamente situados, mas segundo o Espírito do Deus de Jesus e dos pobres. O desconforto é por isso inevitável, porque entre a Ideologia da Ordem Mundial e o Espírito do Deus de Jesus e dos pobres não há qualquer compatibilidade, nem reconciliação possível. Os dois são entre si como a Treva e a Luz, a Mentira e a Verdade. Onde estiver um, o outro não pode estar. A Treva odeia de morte a Luz. A Mentira odeia de morte a Verdade. E quando os da Luz e da Verdade tentam reconciliar-se com os da Treva e da Mentira acabam sempre reféns da Treva e da Mentira. Nem frios nem quentes. Por isso, vomitados da boca de Deus, o de Jesus e dos pobres. As Religiões e as Igrejas quando se convertem em religiões, é por essas águas turvas que navegam. Os partidos políticos que se formam para tomar o Poder, chegar ao Poder, partilhar do Poder, é também por essas águas turvas que navegam. A Treva e a Mentira agradecem a umas e e outros. E concedem benesses, mordomias, bons salários, muitas regalias. Ainda que algumas, alguns pareçam muito aguerridos nas suas intervenções, não passam de tigres de papel, figurantes mais ou menos folclóricos. O mais que podem suscitar nos adversários / concorrentes dos outros partidos, das outras religiões são sorrisos de condescendência e de bonomia. Depois da refrega, já estão todos à mesma mesa - a dos privilégios - a disputar mais uns nacos de carne e a dividir o bolo entre todos, sem nunca chegarem a derrubar a mesa - a Ordem Mundial - que os alimenta a todos. Os pobres do mundo - as maiorias empobrecidas - é que nunca chegam a ter assento nela. E se algum membro dessas maiorias, porque excepcionalmente mais dotado, ronda a mesa dos privilégios, pode ser convidado a integrá-la, contanto que acate as regras do jogo. Porque, se for para a fazer implodir, depressa é assassinado. Porque a Treva e a Mentira não conhecem Moral, nem Ética, fora da sua própria moral e da sua própria ética, as do Assassínio e as do Roubo ou Exploração, ditadas pela Ideologia por que ambas se regem. Por isso é que Jesus, o de Nazaré, foi banido da Ordem Mundial. Não só foi morto, de morte crucificada, mas foi banido da Ordem Mundial. Em seu lugar, ficou um mítico Cristo que as Igrejas ditas cristãs, mas não jesuânicas, cultuam como o seu Deus, em tudo igual aos demais deuses inventados pelos nossos medos e pelos nossos crimes. Deuses à nossa imagem e semelhança. E à nossa medida. Ídolos que justificam todos os crimes da Ordem Mundial e dos seus chefes de turno, e até os abençoam, a começar pelo crime da Pobreza em massa. Jesus foi o primeiro Homem, o primeiro Ser Humano que nasceu e veio ao mundo para dar testemunho da Verdade. Ele é a Verdade. Ele é a Luz, escreve o Evangelho de João, logo no Prólogo. A Treva e os da Treva, a Mentira e os da Mentira não o suportaram. E a razão salta à vista: As obras deles, todas as obras deles são más. Sempre foram. E serão. Por isso é que os que um dia viemos, nascemos neste mundo, temos de escolher. Ou somos Treva e dos da Treva, Mentira e dos da Mentira - da Ordem Mundial em que estamos fisicamente inseridos e não há como lhe escapar - ou somos Luz e dos da Luz, da Verdade e dos da Verdade, mulheres e homens jesuânicos, companheiras / companheiros de Jesus, seguidores dele e prosseguidores do seu Projecto e das suas Causas. Porém, se para Jesus, a Luz e a Verdade, não houve lugar dentro da Ordem Mundial, tão pouco haverá para nós, à medida que formos como ele, formo ele. Daí, o desconforto que inevitavelmente sentimos, quando escutamos a Palavra carregada e atravessada pelo Espírito do Deus de Jesus e dos pobres. Acolhê-la e, sobretudo, praticá-la faz-nos nascer de novo, de Fora da Ideologia da Ordem Mundial, por isso, do Espírito do Deus de Jesus e dos pobres que Sopra dentro dela, para a derrubar, para a fazer implodir. Dizem-me algumas pessoas - e neste debate em Penafiel também houve quem o referisse - que, quando constituímos família e há filhos, filhas nossos a crescer, as coisas tornam-se mais complicadas. Compreendo que assim possa suceder. Talvez por isso, é que Jesus chega a dizer que quem quiser ir com ele, ser ele em cada tempo e lugar, tem de deixar a família, pai, mãe, filhos, casas, campos. Não se trata, evidentemente, de um simples deixar fisicamente. Também não deixamos, não podemos deixar fisicamente a Ordem Mundial. Do que se trata é dentro da Família como da Ordem Mundial, ousar viver segundo o Espírito do Deus de Jesus e dos pobres e não segundo a Ideologia da Ordem Mundial e da Família tradicional. E educar, neste caso, será despertar os filhos, as filhas para que se deixem seduzir e conduzir por este Sopro outro, o do Deus de Jesus e dos pobres, em vez de pela Ideologia da Ordem Mundial que é assassina e mentirosa. Seu bem, até por experiência, que viver assim não é fácil. E é por isso que a maior parte as pessoas desiste, fica pelo caminho, como o tolo no meio da ponte, nem frias nem quentes, como vomitadas da boca de Deus, o de Jesus e dos pobres. Parece que é por aí que prefere andar a imensa minoria que tem dado corpo à chamada classe média. Nem são dos poucos muito, muito ricos, nem das maiorias pobres, muito pobres, pior, empobrecidas. Se repararem, são estas pessoas que alimentam as Religiões e as Igrejas convertidas em religiões. E a Ordem Mundial e a sua Ideologia de Treva e assassina. O que fazer? Não vejo outro caminho que não seja a lucidez e a audácia de mudarmos de Deus - mesmo dentro do Ateísmo esta mudança é necessária, mudar de Ateísmo - passarmos, como numa verdadeira Páscoa, da Ideologia da Ordem Mundial para o Sopro ou Espírito do Deus de Jesus e dos pobres. E fazermo-nos progressivamente próximos dos pobres, das maiorias empobrecidas. Como intelectuais ou mais letrados orgânicos, na condição de seus discípulos, seus amigos, a caminhar / lutar com eles, não em vez deles. Os filhos, as filhas que tivermos, pelo menos, enquanto viverem com os seus pais / as suas mães, não terão outra saída senão acompanhá-los nesta conversão, nesta Mudança radical. Neste fecundo desconforto. E nesta Alegria que semelhante Mudança sempre traz no bojo. Não mudamos o mundo da noite para o dia? Mas, pelo menos damos, o que já não é pouco, mais força e mais visibilidade ao Processo Histórico que levará à Implosão da presente Ordem Mundial e da sua Ideologia de Treva e de Mentira, ao mesmo tempo que antecipamos nos nossos próprios corpos um Futuro outro, a Ordem Mundial outra, edificada segundo o Espírito ou o Sopro do Deus de Jesus e dos pobres, que é o único Espírito Criador de filhas e de filhos da estatura de Jesus, por isso, em estado de maioridade, sororais / fraternos, responsáveis pela História, vidas feitas de Luz e de Verdade sempre em acção, em movimento. Acção Política, Movimento Político, necessariamente.
Padre Mário de Oliveira de Macieira da Lixa pôs os pontos nos iis
2008JANEIRO 21
Foram contundentes, mas dificilmente irrefutáveis, as minhas palavras no debate sobre a Pobreza, no passado sábado, na cidade de Penafiel. O Café Sociedade foi pequeno para conter todas as pessoas. Mas ninguém arredou pé, apesar da contundência das minhas palavras. Fui o único, entre os vários elementos convidados para a mesa do debate que agarrei o problema pelos cornos e pus os pontos nos iis. Nestas coisas, não suporto o politicamente correcto. Nem o moralismo. Acho que tem de ser pão, pão, queijo, queijo. Falar claro é preciso. E mesmo isso é pouco, comparado com o facto massivo da Pobreza que hoje propositadamente produzimos e mantemos no mundo. O facto da Pobreza em massa tem de ser visto em toda a sua amplitude e não apenas caso a caso, família a família. O crime da pobreza é um crime estrutural. E, ou lhe pomos fim, mediante decisões económicas e políticas drásticas, estruturais, ou somos monstros dos piores. Ainda pensei que alguns dos presentes me iriam cair em cima, no final da minha intervenção. Ou saíssem do Café. Mas não. Ninguém arredou pé. E foi impressionante o silêncio, durante a minha comunicação. As reacções orais, no final, foram, senão de rasgado aplauso - tomei isso como um bom sinal - de concordância e de manifesta incomodidade interior. A consciência das pessoas presentes ficou abalada e pesada. Interpelada. Alguém, na hora, usou a expressão "Senti-me julgado pelas suas palavras". Disse-o não no sentido de quem se sentiu acusado, mas de interpelado. Só pude alegrar-me com esse testemunho que espelhava bem o da generalidade das pessoas presentes. Porque a Palavra, quando sai atravessada e carregada de Espírito, o do Deus de Jesus que é também o Deus dos pobres, é um dos efeitos que produz em quem a ouve / acolhe. Sou sempre o primeiro ouvinte da Palavra que sai da minha boca. Por isso, sou sempre o primeiro a ser julgado / iluminado / tocado / interpelado / transformado por ela. A Palavra, quando anda carregada e atravessada pelo Espírito de Deus, o de Jesus e dos pobres, não condena ninguém. Liberta-nos, torna-nos mais humanos, menos monstros, mais próximos uns dos outros e sobretudo dos pobres, mais abertos, mais livres e por isso mais responsáveis uns pelos outros e pela História. Num primeiro momento, a sensação é que a Palavra nos condena. É por isso uma sensação de desconforto. Mas logo percebemos que esse desconforto é como o do bebé recém-nascido. De repente, vê-se fora do útero materno, onde sempre havia vivido até então. E de um momento para o outro, passa a ser um novo ser fisicamente separado, autónomo, da mãe, independente, carregado de futuro que ele próprio há-de abrir e percorrer, num processo sem fim. O desconforto é total. Mas, ou assim, ou nunca chegaremos a ser nós próprias, nós próprios. Ora, a Palavra com Espírito, o do Deus de Jesus e dos pobres, quando é escutada / acolhida / praticada produz em nós um Novo Nascimento, um Novo Começo. É como um Novo Parto. Não segundo a Carne e o Sangue, ou segundo a Ideologia do Sistema-Ventre que é a Ordem Mundial onde estamos fisicamente situados, mas segundo o Espírito do Deus de Jesus e dos pobres. O desconforto é por isso inevitável, porque entre a Ideologia da Ordem Mundial e o Espírito do Deus de Jesus e dos pobres não há qualquer compatibilidade, nem reconciliação possível. Os dois são entre si como a Treva e a Luz, a Mentira e a Verdade. Onde estiver um, o outro não pode estar. A Treva odeia de morte a Luz. A Mentira odeia de morte a Verdade. E quando os da Luz e da Verdade tentam reconciliar-se com os da Treva e da Mentira acabam sempre reféns da Treva e da Mentira. Nem frios nem quentes. Por isso, vomitados da boca de Deus, o de Jesus e dos pobres. As Religiões e as Igrejas quando se convertem em religiões, é por essas águas turvas que navegam. Os partidos políticos que se formam para tomar o Poder, chegar ao Poder, partilhar do Poder, é também por essas águas turvas que navegam. A Treva e a Mentira agradecem a umas e e outros. E concedem benesses, mordomias, bons salários, muitas regalias. Ainda que algumas, alguns pareçam muito aguerridos nas suas intervenções, não passam de tigres de papel, figurantes mais ou menos folclóricos. O mais que podem suscitar nos adversários / concorrentes dos outros partidos, das outras religiões são sorrisos de condescendência e de bonomia. Depois da refrega, já estão todos à mesma mesa - a dos privilégios - a disputar mais uns nacos de carne e a dividir o bolo entre todos, sem nunca chegarem a derrubar a mesa - a Ordem Mundial - que os alimenta a todos. Os pobres do mundo - as maiorias empobrecidas - é que nunca chegam a ter assento nela. E se algum membro dessas maiorias, porque excepcionalmente mais dotado, ronda a mesa dos privilégios, pode ser convidado a integrá-la, contanto que acate as regras do jogo. Porque, se for para a fazer implodir, depressa é assassinado. Porque a Treva e a Mentira não conhecem Moral, nem Ética, fora da sua própria moral e da sua própria ética, as do Assassínio e as do Roubo ou Exploração, ditadas pela Ideologia por que ambas se regem. Por isso é que Jesus, o de Nazaré, foi banido da Ordem Mundial. Não só foi morto, de morte crucificada, mas foi banido da Ordem Mundial. Em seu lugar, ficou um mítico Cristo que as Igrejas ditas cristãs, mas não jesuânicas, cultuam como o seu Deus, em tudo igual aos demais deuses inventados pelos nossos medos e pelos nossos crimes. Deuses à nossa imagem e semelhança. E à nossa medida. Ídolos que justificam todos os crimes da Ordem Mundial e dos seus chefes de turno, e até os abençoam, a começar pelo crime da Pobreza em massa. Jesus foi o primeiro Homem, o primeiro Ser Humano que nasceu e veio ao mundo para dar testemunho da Verdade. Ele é a Verdade. Ele é a Luz, escreve o Evangelho de João, logo no Prólogo. A Treva e os da Treva, a Mentira e os da Mentira não o suportaram. E a razão salta à vista: As obras deles, todas as obras deles são más. Sempre foram. E serão. Por isso é que os que um dia viemos, nascemos neste mundo, temos de escolher. Ou somos Treva e dos da Treva, Mentira e dos da Mentira - da Ordem Mundial em que estamos fisicamente inseridos e não há como lhe escapar - ou somos Luz e dos da Luz, da Verdade e dos da Verdade, mulheres e homens jesuânicos, companheiras / companheiros de Jesus, seguidores dele e prosseguidores do seu Projecto e das suas Causas. Porém, se para Jesus, a Luz e a Verdade, não houve lugar dentro da Ordem Mundial, tão pouco haverá para nós, à medida que formos como ele, formo ele. Daí, o desconforto que inevitavelmente sentimos, quando escutamos a Palavra carregada e atravessada pelo Espírito do Deus de Jesus e dos pobres. Acolhê-la e, sobretudo, praticá-la faz-nos nascer de novo, de Fora da Ideologia da Ordem Mundial, por isso, do Espírito do Deus de Jesus e dos pobres que Sopra dentro dela, para a derrubar, para a fazer implodir. Dizem-me algumas pessoas - e neste debate em Penafiel também houve quem o referisse - que, quando constituímos família e há filhos, filhas nossos a crescer, as coisas tornam-se mais complicadas. Compreendo que assim possa suceder. Talvez por isso, é que Jesus chega a dizer que quem quiser ir com ele, ser ele em cada tempo e lugar, tem de deixar a família, pai, mãe, filhos, casas, campos. Não se trata, evidentemente, de um simples deixar fisicamente. Também não deixamos, não podemos deixar fisicamente a Ordem Mundial. Do que se trata é dentro da Família como da Ordem Mundial, ousar viver segundo o Espírito do Deus de Jesus e dos pobres e não segundo a Ideologia da Ordem Mundial e da Família tradicional. E educar, neste caso, será despertar os filhos, as filhas para que se deixem seduzir e conduzir por este Sopro outro, o do Deus de Jesus e dos pobres, em vez de pela Ideologia da Ordem Mundial que é assassina e mentirosa. Seu bem, até por experiência, que viver assim não é fácil. E é por isso que a maior parte as pessoas desiste, fica pelo caminho, como o tolo no meio da ponte, nem frias nem quentes, como vomitadas da boca de Deus, o de Jesus e dos pobres. Parece que é por aí que prefere andar a imensa minoria que tem dado corpo à chamada classe média. Nem são dos poucos muito, muito ricos, nem das maiorias pobres, muito pobres, pior, empobrecidas. Se repararem, são estas pessoas que alimentam as Religiões e as Igrejas convertidas em religiões. E a Ordem Mundial e a sua Ideologia de Treva e assassina. O que fazer? Não vejo outro caminho que não seja a lucidez e a audácia de mudarmos de Deus - mesmo dentro do Ateísmo esta mudança é necessária, mudar de Ateísmo - passarmos, como numa verdadeira Páscoa, da Ideologia da Ordem Mundial para o Sopro ou Espírito do Deus de Jesus e dos pobres. E fazermo-nos progressivamente próximos dos pobres, das maiorias empobrecidas. Como intelectuais ou mais letrados orgânicos, na condição de seus discípulos, seus amigos, a caminhar / lutar com eles, não em vez deles. Os filhos, as filhas que tivermos, pelo menos, enquanto viverem com os seus pais / as suas mães, não terão outra saída senão acompanhá-los nesta conversão, nesta Mudança radical. Neste fecundo desconforto. E nesta Alegria que semelhante Mudança sempre traz no bojo. Não mudamos o mundo da noite para o dia? Mas, pelo menos damos, o que já não é pouco, mais força e mais visibilidade ao Processo Histórico que levará à Implosão da presente Ordem Mundial e da sua Ideologia de Treva e de Mentira, ao mesmo tempo que antecipamos nos nossos próprios corpos um Futuro outro, a Ordem Mundial outra, edificada segundo o Espírito ou o Sopro do Deus de Jesus e dos pobres, que é o único Espírito Criador de filhas e de filhos da estatura de Jesus, por isso, em estado de maioridade, sororais / fraternos, responsáveis pela História, vidas feitas de Luz e de Verdade sempre em acção, em movimento. Acção Política, Movimento Político, necessariamente.
Fórum Social Mundial Penafiel Visto por Padre Mário da Lixa
Padre Mário de macieira da Lixa
2008 JANEIRO 19 – No Fórum Social Mundial
Hoje, pelas 16 horas, vou estar no Café Sociedade, na cidade de Penafiel, a debater com outros convidados, elas e eles, a Pobreza. A iniciativa decorre no âmbito do Fórum Social Mundial, neste caso, local, mas em articulação com o Mundial. Confesso que vou com alguma relutância. Porque a simples existência da Pobreza em massa e de pobres em massa é uma aberração, um crime que nunca deveria ter começado a existir à face da terra. Mas que não só começou a existir, como ainda se mantém. Propositadamente. E todos os dias são alimentados por grandes Inteligências dementes e cientificamente organizadas. Para que atinja cada vez mais pessoas e povos. Inclusive, alimenta-se, até, com debates como este em que vou também participar, a convite dos promotores da iniciativa. Daí a minha relutância. Porque, quando mais parecemos erguer-nos contra a Pobreza, ainda estamos a contribuir para que ela se mantenha. Em matéria de Pobreza e de pretenso combate à Pobreza, somos todos uns hipócritas. Vivemos a fazer de conta. Desde logo, porque não são os pobres, as vítimas da Pobreza, que organizam o Fórum Social Mundial, nem sequer, nas suas dimensões locais, como esta aqui em curso. São minorias não-pobres - não quer dizer que sejam ricas, mas são não-pobres - e mais ou menos escolarizadas que estão na origem desta e de outras iniciativas do género. Os pobres, as vítimas da Pobreza, não aparecem. Tão pouco são convidados. Cheiram demasiado mal, são demasiado incómodos e conspirativos, para poderem entrar e estar nestes lugares reservados a eleitos preocupados com eles e com a pobreza que os exclui e mata lentamente, sadicamente. Nem sequer entre a plateia que se desloca para assistir / participar nas diversas acções que iniciativas como esta sempre conseguem pôr em marcha. Os pobres, as vítimas da Pobreza nunca estão aí. No último Fórum Social Mundial em Nairóbi, África, ainda estiveram por alguns momentos, numa tarde. Não como protagonistas, obviamente - alguma vez os não-pobres acham que os pobres são capazes de alguma coisa?! - mas apenas como objecto da curiosidade, disfarçada de solidariedade, dos participantes no Forum, idos de todo o mundo, quando os promotores da iniciativa decidiram ir de visita, como quem vai a um jardim zoológico, a um dos bairros-favela mais miseráveis e mais numerosos em habitantes por metro quadrado, nos subúrbios daquela cidade. Alguns dos participantes, os mais sensíveis, até vomitaram, perante tamanha miséria, tamanha degradação, tamanho desprezo, tamanha humilhação, tamanho crime, tamanho genocídio cometido vinte e quatro horas sobre vinte e quatro horas. Outros, menos sensíveis, mas mais intelectuais cerebrais, indignaram-se perante o que lhes foi dado ver e escreveram / dissertaram sobre aquela situação-espelho do nosso mundo global. Sofreram pesadelos, durante algumas noites e até durante alguns dias. Aqueles rostos da Pobreza e da Degradação não lhes saiam de diante dos olhos. Mas depressa tudo se apagou, tudo voltou à normalidade, depois que escreveram toda a sua indignação em jornais e revistas e se insurgiram com veemência contra tamanha Indignidade e tamanha Inumanidade. Os textos que produziram e as conferências que disseram sobre aquela situação e sobre a Pobreza em geral bastou para lhes trazer o sossego de volta e o sono tranquilo, sem mais pesadelos. Entretanto, o enorme bairro-favela de Nairóbi continua lá, em carne viva. O genocídio ao vivo e continuado que ele é continua lá. Os pobres aos milhões - crianças, jovens, mulheres e homens de meia-idade e outras, outros precocemente velhos (que a fome mata, senhoras, senhores; que a Pobreza mata, senhoras, senhores!) - esses continuam lá. Ignorados. Esquecidos. Cada vez em maior número e cada vez mais pobres. Cada vez mais degradados. Somos assim, duma maneira geral, os não-pobres e mais escolarizados, ou mesmo semi-analfabetos. Uns hipócritas. Vejam que até dos pobres e da Pobreza de que todos eles são vítimas, nós, os não-pobres, os mais escolarizados, tiramos proveito pessoal e corporativo. Fica bem, é de bom-tom, dá prestígio promover iniciativas como o Forum Social Mundial. E participar nelas. E debitar discursos durante elas. Somos por momentos individualidades. Locais ou regionais, porventura, mas individualidades. E fica a impressão, perante a sociedade e os nossos próprios olhos, de que somos militantes de causas, no caso, que estamos empenhados na erradicação da Pobreza. É tudo mentira. Estamos simplesmente a auto-promover-nos e a dar nas vistas, a ter alguns dos nossos cobiçados quinze minutos de fama, de que tanto necessitamos para subirmos no conceito dos que nos rodeiam, na sociedade em que nos situamos, na organização partidária ou eclesiástica em que estamos inscritos e, onde, deste modo podemos fazer carreira com mais facilidade. Perdoem-me esta rudeza, mas é isto que sucede. Porque somos não-pobres e o que mais queremos, lá no fundo do nosso inconsciente, é que este nosso estatuto de não-pobres se mantenha estável e, se possível, até suba e nós acabemos ainda menos não-pobres, por isso, um pouco mais ricos, com novas possibilidades e novos amigos, não entre os pobres, mas entre os mais ricos do que nós. Parece que queremos mudar / transformar o mundo, acabar com a Pobreza, mas só parece. O que efectivamente mais conseguimos, e é se formos intelectuais lúcidos e honestos (porque há por aí uma espécie de intelectuais dementes, corruptos, que se vendem como prostitutos ao Grande Dinheiro e ao Grande Poder, ao serviço dos quais põem o melhor dos seus saberes e das suas capacidades, num prolongamento do gesto de Judas, o traidor dos Evangelhos canónicos do Novo Testamento, ou do gesto de Caím que mata o irmão Abel, os dois personagens do conhecido mito bíblico do Génesis) é, não transformar o mundo, mas apenas explicá-lo, precisamente este nosso mundo, onde nós, os que nos envolvemos nestas iniciativas somos da imensa minoria dos não-pobres. No máximo, conseguimos explicar teoricamente porque há pobres e Pobreza no mundo. De modo algum, ousamos transformar o mundo que continua a produzir pobres e pobreza em massa, com a mesma eficiência e a mesma frieza com que produz automóveis, mobília mais ou menos bizarra, computadores, telemóveis, perfumes, detergentes e muitos outros artigos de consumo. Ou acham que podemos alguma vez acabar com a Pobreza e libertar as vítimas dela, os pobres, sem acabarmos com a Riqueza acumulada e concentrada e com o Sistema, democrático que se diga, que torna possível esta Demência, esta Inumanidade organizadas? Ora, de que adianta erguermo-nos indignados contra a Pobreza e explicar porque é que ela existe, se não nos erguemos contra a Riqueza acumulada e concentrada, nem contra nós próprios que fazemos parte da imensa minoria dos não-pobres, sempre a sonhar ser cada vez menos não-pobres, por isso, cada vez mais ricos? Acham que exagero? Quem de nós, ao envolver-se nestas pretensas causas, pomposamente chamadas por nós de luta contra a Pobreza e da erradicação da Pobreza no mundo, já se fez mais pobre? Quem já desistiu de querer ser rico? Quem já fez, por exemplo, o que Zaqueu, o do Evangelho de Lucas, fez, quando Jesus, o de Nazaré, não o das Igrejas eclesiásticas, ópio dos pobres e dos ricos, entrou na sua casa / na sua vida, e ficou uns dias com ele? "Vou dar metade dos meus bens aos pobres e dar quatro vezes mais do que roubei a todos aqueles [e muitos eram!] que roubei". Algum de nós já foi capaz de tal decisão pessoal e corporativa, partidária, associativa, eclesiástica, paroquial, mesmo entre os que nos dizemos cristãos e da Esquerda política, e militamos nela em lugares de destaque? E quem já teve a audácia de realizar a Política económica que Jesus propôs ao Homem rico - entenda-se, à imensa minoria dos não-pobres - que o procurou preocupado com questões relacionadas com a salvação eterna, depois da morte, em vez de com as questões e as aflições do quotidiano, onde estão mergulhados todos os pobres que diariamente fabricamos e onde está a Pobreza em massa, estrutural? "Vai, vende tudo o que tens, dá aos pobres e depois vem e segue-me". Sabem que esta palavra de ordem económica e política - a única que tem força para mudar / transformar o mundo - continua ainda por realizar e que os que a ouviram pela primeira vez, até correram a matar crucificado aquele que teve a lucidez / humildade de a captar e a audácia de a praticar / propor / anunciar? Registam os três Evangelhos Sinópticos que, ao ouvir semelhantes palavras, o Homem rico retirou-se triste, porque era possuidor de muitos bens. Pois é. Esse é o problema. Essa é a questão nuclear no que respeita à existência da Pobreza e de vítimas da Pobreza. Os detentores da Grande riqueza acumulada e concentrada e os seus inúmeros admiradores menos ricos mas já não-pobres, podem dizer-se ateus ou agnósticos, mas o que todos são, somos, é idólatras, isto é, vivemos de cócoras e de joelhos diante do Senhor Deus Dinheiro, hoje totalmente independente da Política e totalmente à solta, servido por grandes inteligências, todas dementes, sádicas e cruéis, mas cada vez mais eficientes e cada vez mais bem pagas. E, embora tristes - todo o assassino e mentiroso é triste, e assassino e mentiroso é o Grande Dinheiro e quem está incondicionalmente ao seu serviço - todos exibem ares de muita satisfação, nadam em privilégios, dominam o Mundo, mandam nos Executivos das nações, seguem exclusivamente as leis que eles próprios concebem e aprovam, sempre em mutação / adaptação, segundo a lógica dos seus interesses. Além disso, sabem-se temidos, adorados, idolatrados. E isso consegue disfarçar toda a tristeza que sentem no mais fundo de si próprios e toda a solidão em que vivem como ratos encurralados, rodeados de seguranças por todos os lados. Eu sei - Jesus também o soube melhor do que ninguém e foi já com ele que eu aprendi - que o problema não é apenas, nem sobretudo de pessoas. É estrutural. É sistémico. Ele chamou-lhe "O Pecado do Mundo". Mas também é de pessoas. Concretamente de nós, de cada uma, cada um de nós. Porque são as pessoas que podem mudar o Sistema Económico e Financeiro que hoje nos asfixia e mata e produz pobres e Pobreza em massa. Porque a existência de pobres e de Pobreza não é, como nos fazem crer, uma fatalidade da natureza. É uma opção. Económica e Política. Uma opção que, na nossa demência, não temos querido fazer correctamente e preferimos alinhar no Pensamento Único, na Ideologia / Ideolatria do Império do Dinheiro e da sua Ordem Mundial intrinsecamente perversa e assassina. Na verdade, ou todos escolhemos ser pobres, não-ricos, ou a Pobreza continuará a desenvolver-se no mundo, não apenas numa progressão aritmética, o que já seria tremendo, mas numa progressão geométrica. "Felizes vós os pobres", diz Jesus, não, obviamente, os que o são à força, criminosamente fabricados pelas nossas Economias do Dinheiro cada vez mais acumulado e concentrado. Mas os pobres que o são por opção, que escolheram ser pobres, isto é, não-ricos, por toda a vida. "Ai de vós, os ricos", acrescenta depois Jesus, aqueles que o são por opção e por escolha. Não há saída libertadora e salvadora, digna dos seres humanos e dos povos, fora desta via praticada por Jesus e anunciada por ele à Humanidade. E todas as pessoas e todos os povos temos que escolher. O Mercado, o Grande Mercado não é solução. É genocídio. A única saída é a opção pessoal e global de sermos pobres por toda a vida. É por aqui que vai o Evangelho de Jesus e o próprio Jesus e que está magistralmente descrita naquela metáfora apresentada pelos quatro Evangelhos canónicos, a metáfora viva da Partilha, não multiplicação, como repetem / mentem as Igrejas, dos pães e dos peixes. A solução da fome, da Pobreza, não passa por mais e melhor Mercado, nem por mais e melhor assistencialismo / caridadezinha, mas exclusivamente por mais e melhor Partilha da Riqueza produzida. Lê-se na referida metáfora: "Está aqui um pequeno, isto é, um que escolheu ser pobre, por isso, não-rico, e que tem cinco pães e dois peixes, o que, no total, perfazia o número sete, biblicamente, o da plenitude humana. Quer dizer: Era um Ser Humano cem por cento, não um monstro, um inteligente demente, um chico-esperto. A verdade é que foi a partir desta disponibilidade, desta Partilha - há lá gesto mais politicamente fecundo do que este?! - logo assumida por outro e mais outro e mais outro, que todos, na hora - também nesta que é a nossa hora - comem e ficam saciados e ainda sobra comida, para mais dois ou três mundos como o nosso. Deixemos, porém, a metáfora e fiquemos com a Luz Política que dela salta. E com ela, façamos Economias e Políticas nacionais, europeias e mundiais. Veremos que nunca mais haverá Pobreza, nem vítimas da Pobreza. Porque também nunca mais haverá Riqueza acumulada e concentrada, muito menos, o Grande Dinheiro que hoje anda por aí à solta, numa Obscenidade sem nome. Consequentemente, também não haverá mais ricos e pobres. Haverá seres humanos, simplesmente. E povos, todos diferentes, todos iguais. Todos irmãos e irmãs. Utopia? Sem dúvida, mas que ou nós a tornamos topia, isto é, realidade histórica mundial, ou ficamos sem Futuro. A escolha é nossa. E nem que seja tomada já hoje, saibam que, mesmo assim, peca por demasiado tardia. Mais um pouco de tempo nesta selvajaria global que é hoje o Império do Grande Dinheiro, e o processo evolutivo em marcha na História para nos tornarmos seres humanos deixará de poder prosseguir. Em vez de seres humanos acabados, como Jesus, o Paradigma de todos os seres humanos, acabaremos reduzidos a Coisas. Está nas nossas mãos escolher. Se formos como o Homem rico dos Evangelhos Sinópticos, escolhemos o Grande Dinheiro e ficaremos coisas. Ousemos, por isso, ser como aquele pequeno não-rico que Partiu os cinco pães e os dois peixes que possuía. Seremos plenamente humanos, alegres, sororais/fraternos, felizes, sem pobres no meio de nós e sem Pobreza.
2008 JANEIRO 19 – No Fórum Social Mundial
Hoje, pelas 16 horas, vou estar no Café Sociedade, na cidade de Penafiel, a debater com outros convidados, elas e eles, a Pobreza. A iniciativa decorre no âmbito do Fórum Social Mundial, neste caso, local, mas em articulação com o Mundial. Confesso que vou com alguma relutância. Porque a simples existência da Pobreza em massa e de pobres em massa é uma aberração, um crime que nunca deveria ter começado a existir à face da terra. Mas que não só começou a existir, como ainda se mantém. Propositadamente. E todos os dias são alimentados por grandes Inteligências dementes e cientificamente organizadas. Para que atinja cada vez mais pessoas e povos. Inclusive, alimenta-se, até, com debates como este em que vou também participar, a convite dos promotores da iniciativa. Daí a minha relutância. Porque, quando mais parecemos erguer-nos contra a Pobreza, ainda estamos a contribuir para que ela se mantenha. Em matéria de Pobreza e de pretenso combate à Pobreza, somos todos uns hipócritas. Vivemos a fazer de conta. Desde logo, porque não são os pobres, as vítimas da Pobreza, que organizam o Fórum Social Mundial, nem sequer, nas suas dimensões locais, como esta aqui em curso. São minorias não-pobres - não quer dizer que sejam ricas, mas são não-pobres - e mais ou menos escolarizadas que estão na origem desta e de outras iniciativas do género. Os pobres, as vítimas da Pobreza, não aparecem. Tão pouco são convidados. Cheiram demasiado mal, são demasiado incómodos e conspirativos, para poderem entrar e estar nestes lugares reservados a eleitos preocupados com eles e com a pobreza que os exclui e mata lentamente, sadicamente. Nem sequer entre a plateia que se desloca para assistir / participar nas diversas acções que iniciativas como esta sempre conseguem pôr em marcha. Os pobres, as vítimas da Pobreza nunca estão aí. No último Fórum Social Mundial em Nairóbi, África, ainda estiveram por alguns momentos, numa tarde. Não como protagonistas, obviamente - alguma vez os não-pobres acham que os pobres são capazes de alguma coisa?! - mas apenas como objecto da curiosidade, disfarçada de solidariedade, dos participantes no Forum, idos de todo o mundo, quando os promotores da iniciativa decidiram ir de visita, como quem vai a um jardim zoológico, a um dos bairros-favela mais miseráveis e mais numerosos em habitantes por metro quadrado, nos subúrbios daquela cidade. Alguns dos participantes, os mais sensíveis, até vomitaram, perante tamanha miséria, tamanha degradação, tamanho desprezo, tamanha humilhação, tamanho crime, tamanho genocídio cometido vinte e quatro horas sobre vinte e quatro horas. Outros, menos sensíveis, mas mais intelectuais cerebrais, indignaram-se perante o que lhes foi dado ver e escreveram / dissertaram sobre aquela situação-espelho do nosso mundo global. Sofreram pesadelos, durante algumas noites e até durante alguns dias. Aqueles rostos da Pobreza e da Degradação não lhes saiam de diante dos olhos. Mas depressa tudo se apagou, tudo voltou à normalidade, depois que escreveram toda a sua indignação em jornais e revistas e se insurgiram com veemência contra tamanha Indignidade e tamanha Inumanidade. Os textos que produziram e as conferências que disseram sobre aquela situação e sobre a Pobreza em geral bastou para lhes trazer o sossego de volta e o sono tranquilo, sem mais pesadelos. Entretanto, o enorme bairro-favela de Nairóbi continua lá, em carne viva. O genocídio ao vivo e continuado que ele é continua lá. Os pobres aos milhões - crianças, jovens, mulheres e homens de meia-idade e outras, outros precocemente velhos (que a fome mata, senhoras, senhores; que a Pobreza mata, senhoras, senhores!) - esses continuam lá. Ignorados. Esquecidos. Cada vez em maior número e cada vez mais pobres. Cada vez mais degradados. Somos assim, duma maneira geral, os não-pobres e mais escolarizados, ou mesmo semi-analfabetos. Uns hipócritas. Vejam que até dos pobres e da Pobreza de que todos eles são vítimas, nós, os não-pobres, os mais escolarizados, tiramos proveito pessoal e corporativo. Fica bem, é de bom-tom, dá prestígio promover iniciativas como o Forum Social Mundial. E participar nelas. E debitar discursos durante elas. Somos por momentos individualidades. Locais ou regionais, porventura, mas individualidades. E fica a impressão, perante a sociedade e os nossos próprios olhos, de que somos militantes de causas, no caso, que estamos empenhados na erradicação da Pobreza. É tudo mentira. Estamos simplesmente a auto-promover-nos e a dar nas vistas, a ter alguns dos nossos cobiçados quinze minutos de fama, de que tanto necessitamos para subirmos no conceito dos que nos rodeiam, na sociedade em que nos situamos, na organização partidária ou eclesiástica em que estamos inscritos e, onde, deste modo podemos fazer carreira com mais facilidade. Perdoem-me esta rudeza, mas é isto que sucede. Porque somos não-pobres e o que mais queremos, lá no fundo do nosso inconsciente, é que este nosso estatuto de não-pobres se mantenha estável e, se possível, até suba e nós acabemos ainda menos não-pobres, por isso, um pouco mais ricos, com novas possibilidades e novos amigos, não entre os pobres, mas entre os mais ricos do que nós. Parece que queremos mudar / transformar o mundo, acabar com a Pobreza, mas só parece. O que efectivamente mais conseguimos, e é se formos intelectuais lúcidos e honestos (porque há por aí uma espécie de intelectuais dementes, corruptos, que se vendem como prostitutos ao Grande Dinheiro e ao Grande Poder, ao serviço dos quais põem o melhor dos seus saberes e das suas capacidades, num prolongamento do gesto de Judas, o traidor dos Evangelhos canónicos do Novo Testamento, ou do gesto de Caím que mata o irmão Abel, os dois personagens do conhecido mito bíblico do Génesis) é, não transformar o mundo, mas apenas explicá-lo, precisamente este nosso mundo, onde nós, os que nos envolvemos nestas iniciativas somos da imensa minoria dos não-pobres. No máximo, conseguimos explicar teoricamente porque há pobres e Pobreza no mundo. De modo algum, ousamos transformar o mundo que continua a produzir pobres e pobreza em massa, com a mesma eficiência e a mesma frieza com que produz automóveis, mobília mais ou menos bizarra, computadores, telemóveis, perfumes, detergentes e muitos outros artigos de consumo. Ou acham que podemos alguma vez acabar com a Pobreza e libertar as vítimas dela, os pobres, sem acabarmos com a Riqueza acumulada e concentrada e com o Sistema, democrático que se diga, que torna possível esta Demência, esta Inumanidade organizadas? Ora, de que adianta erguermo-nos indignados contra a Pobreza e explicar porque é que ela existe, se não nos erguemos contra a Riqueza acumulada e concentrada, nem contra nós próprios que fazemos parte da imensa minoria dos não-pobres, sempre a sonhar ser cada vez menos não-pobres, por isso, cada vez mais ricos? Acham que exagero? Quem de nós, ao envolver-se nestas pretensas causas, pomposamente chamadas por nós de luta contra a Pobreza e da erradicação da Pobreza no mundo, já se fez mais pobre? Quem já desistiu de querer ser rico? Quem já fez, por exemplo, o que Zaqueu, o do Evangelho de Lucas, fez, quando Jesus, o de Nazaré, não o das Igrejas eclesiásticas, ópio dos pobres e dos ricos, entrou na sua casa / na sua vida, e ficou uns dias com ele? "Vou dar metade dos meus bens aos pobres e dar quatro vezes mais do que roubei a todos aqueles [e muitos eram!] que roubei". Algum de nós já foi capaz de tal decisão pessoal e corporativa, partidária, associativa, eclesiástica, paroquial, mesmo entre os que nos dizemos cristãos e da Esquerda política, e militamos nela em lugares de destaque? E quem já teve a audácia de realizar a Política económica que Jesus propôs ao Homem rico - entenda-se, à imensa minoria dos não-pobres - que o procurou preocupado com questões relacionadas com a salvação eterna, depois da morte, em vez de com as questões e as aflições do quotidiano, onde estão mergulhados todos os pobres que diariamente fabricamos e onde está a Pobreza em massa, estrutural? "Vai, vende tudo o que tens, dá aos pobres e depois vem e segue-me". Sabem que esta palavra de ordem económica e política - a única que tem força para mudar / transformar o mundo - continua ainda por realizar e que os que a ouviram pela primeira vez, até correram a matar crucificado aquele que teve a lucidez / humildade de a captar e a audácia de a praticar / propor / anunciar? Registam os três Evangelhos Sinópticos que, ao ouvir semelhantes palavras, o Homem rico retirou-se triste, porque era possuidor de muitos bens. Pois é. Esse é o problema. Essa é a questão nuclear no que respeita à existência da Pobreza e de vítimas da Pobreza. Os detentores da Grande riqueza acumulada e concentrada e os seus inúmeros admiradores menos ricos mas já não-pobres, podem dizer-se ateus ou agnósticos, mas o que todos são, somos, é idólatras, isto é, vivemos de cócoras e de joelhos diante do Senhor Deus Dinheiro, hoje totalmente independente da Política e totalmente à solta, servido por grandes inteligências, todas dementes, sádicas e cruéis, mas cada vez mais eficientes e cada vez mais bem pagas. E, embora tristes - todo o assassino e mentiroso é triste, e assassino e mentiroso é o Grande Dinheiro e quem está incondicionalmente ao seu serviço - todos exibem ares de muita satisfação, nadam em privilégios, dominam o Mundo, mandam nos Executivos das nações, seguem exclusivamente as leis que eles próprios concebem e aprovam, sempre em mutação / adaptação, segundo a lógica dos seus interesses. Além disso, sabem-se temidos, adorados, idolatrados. E isso consegue disfarçar toda a tristeza que sentem no mais fundo de si próprios e toda a solidão em que vivem como ratos encurralados, rodeados de seguranças por todos os lados. Eu sei - Jesus também o soube melhor do que ninguém e foi já com ele que eu aprendi - que o problema não é apenas, nem sobretudo de pessoas. É estrutural. É sistémico. Ele chamou-lhe "O Pecado do Mundo". Mas também é de pessoas. Concretamente de nós, de cada uma, cada um de nós. Porque são as pessoas que podem mudar o Sistema Económico e Financeiro que hoje nos asfixia e mata e produz pobres e Pobreza em massa. Porque a existência de pobres e de Pobreza não é, como nos fazem crer, uma fatalidade da natureza. É uma opção. Económica e Política. Uma opção que, na nossa demência, não temos querido fazer correctamente e preferimos alinhar no Pensamento Único, na Ideologia / Ideolatria do Império do Dinheiro e da sua Ordem Mundial intrinsecamente perversa e assassina. Na verdade, ou todos escolhemos ser pobres, não-ricos, ou a Pobreza continuará a desenvolver-se no mundo, não apenas numa progressão aritmética, o que já seria tremendo, mas numa progressão geométrica. "Felizes vós os pobres", diz Jesus, não, obviamente, os que o são à força, criminosamente fabricados pelas nossas Economias do Dinheiro cada vez mais acumulado e concentrado. Mas os pobres que o são por opção, que escolheram ser pobres, isto é, não-ricos, por toda a vida. "Ai de vós, os ricos", acrescenta depois Jesus, aqueles que o são por opção e por escolha. Não há saída libertadora e salvadora, digna dos seres humanos e dos povos, fora desta via praticada por Jesus e anunciada por ele à Humanidade. E todas as pessoas e todos os povos temos que escolher. O Mercado, o Grande Mercado não é solução. É genocídio. A única saída é a opção pessoal e global de sermos pobres por toda a vida. É por aqui que vai o Evangelho de Jesus e o próprio Jesus e que está magistralmente descrita naquela metáfora apresentada pelos quatro Evangelhos canónicos, a metáfora viva da Partilha, não multiplicação, como repetem / mentem as Igrejas, dos pães e dos peixes. A solução da fome, da Pobreza, não passa por mais e melhor Mercado, nem por mais e melhor assistencialismo / caridadezinha, mas exclusivamente por mais e melhor Partilha da Riqueza produzida. Lê-se na referida metáfora: "Está aqui um pequeno, isto é, um que escolheu ser pobre, por isso, não-rico, e que tem cinco pães e dois peixes, o que, no total, perfazia o número sete, biblicamente, o da plenitude humana. Quer dizer: Era um Ser Humano cem por cento, não um monstro, um inteligente demente, um chico-esperto. A verdade é que foi a partir desta disponibilidade, desta Partilha - há lá gesto mais politicamente fecundo do que este?! - logo assumida por outro e mais outro e mais outro, que todos, na hora - também nesta que é a nossa hora - comem e ficam saciados e ainda sobra comida, para mais dois ou três mundos como o nosso. Deixemos, porém, a metáfora e fiquemos com a Luz Política que dela salta. E com ela, façamos Economias e Políticas nacionais, europeias e mundiais. Veremos que nunca mais haverá Pobreza, nem vítimas da Pobreza. Porque também nunca mais haverá Riqueza acumulada e concentrada, muito menos, o Grande Dinheiro que hoje anda por aí à solta, numa Obscenidade sem nome. Consequentemente, também não haverá mais ricos e pobres. Haverá seres humanos, simplesmente. E povos, todos diferentes, todos iguais. Todos irmãos e irmãs. Utopia? Sem dúvida, mas que ou nós a tornamos topia, isto é, realidade histórica mundial, ou ficamos sem Futuro. A escolha é nossa. E nem que seja tomada já hoje, saibam que, mesmo assim, peca por demasiado tardia. Mais um pouco de tempo nesta selvajaria global que é hoje o Império do Grande Dinheiro, e o processo evolutivo em marcha na História para nos tornarmos seres humanos deixará de poder prosseguir. Em vez de seres humanos acabados, como Jesus, o Paradigma de todos os seres humanos, acabaremos reduzidos a Coisas. Está nas nossas mãos escolher. Se formos como o Homem rico dos Evangelhos Sinópticos, escolhemos o Grande Dinheiro e ficaremos coisas. Ousemos, por isso, ser como aquele pequeno não-rico que Partiu os cinco pães e os dois peixes que possuía. Seremos plenamente humanos, alegres, sororais/fraternos, felizes, sem pobres no meio de nós e sem Pobreza.
Wednesday, January 23, 2008
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